quarta-feira, 20 de outubro de 2004

Lusco-fusco

Sensibilidade. Sensível. Lusco-fusco.

Sinto o cheiro do Inverno com prazer e gozo; tacto o chão frio, rebolo no tapete quente, sempre com a esperança de notar a diferença.
A mente mente, habituada a uma vida consumada.

Sinto a cor do céu cinzento, o verde tosco das árvores soltas; ouço a sinfonia do vento e o rufar dos tambores do lixo.
A mente mente, deslumbrada com uma vida sossegada.

Ela é habituada ao cheiro, à cor, ao som, a tudo. Depois só dá, a contragosto, o paladar dos sentimentos.
Como os gritos de um animal com cio, como o doce amor da sossegada calma, evita entrar em conflito com ela própria, senão atrapalha-se, baralha-se, tropeça e recomeça.
Dança e vagueia longamente.

A mente mente, mentira atrás de mentira. Tu não notas porque o seu prazer é o teu prazer.
Tu suplicas, encerras mono diálogos mas o teu gozo é o seu gozo.
Tu não vês, és cego, cativo, por isso segue a lágrima que corre no rio, sente a dor do coração partido, regressa só e triste mas sem a ilusão de uma mente dourada e encantada.
A mente mente, o coração sente.

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