sábado, 9 de agosto de 2025

Lembranças

Lembro da camioneta verde, das caras e cantigas. Lembro da professora, do cheiro e do teatro. Depois tropecei num homem a vender isqueiros do PSD mesmo de frente do supermercado dos Baetas.
Lembro do primeiro dia de escola, da papelaria e de uma esponja para picotar.
Memórias tão antigas, tão fundas.
Lembro de tanta coisa. Lembro de tudo, ou melhor, quase tudo.
Lembro do meu primeiro melhor amigo, mesmo signo, mesma doença. Lembro da professora da cana, que se babava de tanto gritar. Velha nojenta. Veio substituir a outra, a grávida.
Lembro da professora de ginástica, do perfume, de patinar com ela.
Chega de recordar. Gosto de recordar. Gosto de recordar, mas sozinho. Apreciação de bem estar. Compreensão do ser. Aniquilação do pensar. Tudo isto para recordar.
Recordar é como sonhar. Pois aquilo que passou pode não voltar, assim só me resta lembrar, aquilo que fui e daquilo que sou. Não quero, então, esquecer nada! Quero recordar e sonhar!
Se sonhar com o passado encontro o futuro. Sigo um caminho sem rumo, a bússola não funciona, ela anda louca, eu ando cego mas não sozinho. O meu universo está cheio de gente.
O gosto pelo desejo é como o tempo, é contínuo.
Tudo está interligado. Vá desvanece e cai, retorce e esbraceja! Não! Não consegues, só lembras.

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